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A doença, classificada como “silenciosa”, afeta mais de 16 milhões de brasileiros, cerca de 7% da população
Mais de 2,5 mil potiguares perderam membros nos últimos três anos devido a complicações do diabetes, segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do RN (SBEM-RN). O dado reforça a necessidade de prevenção e do diagnóstico precoce — tema do Dia Mundial do Diabetes, celebrado nesta sexta-feira (14).
A doença, classificada como “silenciosa”, afeta mais de 16 milhões de brasileiros, cerca de 7% da população, conforme o Atlas Global do Diabetes. Em Natal, 11,8% dos adultos têm diagnóstico, índice mais alto do Nordeste e o quarto maior do país, atrás apenas do Distrito Federal (12,1%), São Paulo (12,1%) e Porto Alegre (12%), segundo o Vigitel 2023.
A endocrinologista Anna Karina Medeiros, presidente da SBEM-RN, destaca que identificar a doença cedo é essencial para evitar danos a órgãos e tecidos. “A glicose alta é como um veneno no organismo. Ela danifica os rins, os olhos, os nervos e os vasos sanguíneos. Quem se cuida vive bem; quem não se cuida, sofre as consequências”, afirma.
Entre novembro de 2022 e outubro de 2025, o RN registrou 2.509 amputações por complicações do diabetes: 1.168 de dedo, 928 de membros inferiores, 408 de pé e tarso, e 5 de mão e punho, conforme a Sesap. Segundo a médica, esse cenário resulta de longa falta de acompanhamento. “Para acontecer uma amputação, o paciente já tem de 10 a 20 anos de descontrole glicêmico. Hoje, existem procedimentos que poderiam evitar amputações, mas a fila no sistema público chega a dez anos”, informa.
Ela ressalta ainda os riscos da demora no atendimento. “Em situações graves, quando há necrose avançada do membro inferior, a amputação é a única solução para evitar a morte do paciente com diabetes. E até para realizar amputações, existe fila no nosso estado”, alerta.
A Federação Internacional de Diabetes (IDF) estima que, em 2024, a doença causou 3,4 milhões de mortes no mundo — uma a cada seis segundos. No Brasil, foram 111 mil óbitos, e o país é o terceiro que mais gasta com o tratamento: mais de 45 bilhões de dólares (R$ 239 bilhões).
O diabetes tipo 2, responsável por 90% dos casos, está associado ao sedentarismo e ao excesso de peso. Em 2024, 74,2% dos adultos do RN estavam acima do peso, segundo o Sisvan.
O diagnóstico é simples e pode ser feito pelo exame de glicose em jejum na rede pública. “A glicose de jejum é suficiente para detectar o problema. É um exame barato e acessível”, explica a endocrinologista.
O tratamento pelo SUS inclui metformina, glibenclamida e insulina, mas nem todos os medicamentos são adequados. “A glibenclamida é uma medicação ruim, que pode causar hipoglicemia, principalmente em idosos. Há anos pedimos sua retirada da Farmácia Popular”, critica.
A porta de entrada para o cuidado é a Unidade Básica de Saúde, onde o clínico-geral solicita exames e inicia o tratamento. Para a especialista, o acompanhamento deve ser abrangente. “O diabetes é uma doença sistêmica. O tratamento precisa ser global: controlar glicose, pressão e colesterol, e avaliar o coração. O que mais mata o paciente diabético não é a glicose alta, mas as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC”, reforça.
Ela também alerta sobre falsas “curas”. “Não existe chá ou receita da internet que cure o diabetes. O tratamento requer cuidados diários e medicamento de acordo com as orientações de cada médico e nutricionista”, conclui.
Zona Norte recebe ação gratuita de prevenção
No dia 15 de novembro, das 14h30 às 17h30, o Partage Norte Shopping, em Natal, receberá uma ação gratuita de conscientização e prevenção ao diabetes promovida pela SBEM-RN.
A equipe multiprofissional — formada por endocrinologistas, nutricionistas, educadores físicos e oftalmologistas — oferecerá aferição de glicemia, orientações sobre prevenção e diagnóstico precoce, dicas de alimentação, prática de exercícios e avaliação de fundo de olho para detecção de retinopatia diabética.
Com informações da Tribuna do Norte
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