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Corte dos galhos, previsto para agosto, busca conter avanço sobre ruas e casas, mas especialistas alertam para riscos ao ciclo de vida da árvore centenária

O Cajueiro de Pirangi, considerado o maior do mundo e um dos principais cartões-postais do RN, passará por um processo de poda a partir de agosto, atendendo a uma decisão judicial originada por uma ação movida em 2010 por veranistas. Com quase 140 anos e 9.594 metros quadrados, a árvore ultrapassou os limites do parque onde está localizada. A intervenção será conduzida pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), com custo estimado em R$ 200 mil e previsão de duração de até seis meses.
A medida foi tema de duas audiências públicas realizadas nesta terça-feira 8 na Câmara Municipal de Parnamirim. Técnicos, autoridades e moradores discordaram sobre o impacto da intervenção. De um lado, o Idema e engenheiros agrônomos defendem a poda como necessária para preservar a saúde da planta e a segurança viária. De outro, líderes comunitários e moradores alertam para o risco de enfraquecimento da árvore e prejuízos à economia local, baseada no turismo ecológico.
Reconhecida como o maior cajueiro do mundo, a árvore possui quase 10 mil metros quadrados de extensão e nunca passou por uma poda, apenas por manejos higiênicos pontuais, segundo o diretor técnico do Idema, Thales Dantas. Ele defendeu que a intervenção é necessária para preservar a segurança das vias públicas próximas e a saúde da árvore, evitando riscos de acidentes com veículos e favorecendo o controle fitossanitário.
O analista ambiental do Idema Diego Vinícius explicou que o procedimento deve preservar a saúde da árvore e garantir a segurança de pedestres e motoristas que transitam no entorno do parque. Ele afirmou que a intervenção segue estudos técnicos e medidas rigorosas para evitar danos ao cajueiro, com a poda sendo feita apenas nas áreas onde for realmente necessária, sem a retirada total da copa existente.
“Essa situação não é apenas uma questão urbana, mas também ambiental. O contato de veículos pesados com os galhos pode gerar ferimentos no vegetal, tornando-se porta de entrada para fungos e bactérias, o que compromete a saúde da árvore”, alertou, ressaltando que será feita a selagem dos cortes para evitar infecções, além da possibilidade de construir caramanchões que sustentem os galhos e evitem a expansão desordenada.
O administrador do cajueiro, Samuel Santos, afirmou que o objetivo da gestão não é prejudicar a árvore, mas assegurar seu futuro. Ele destacou a importância turística e cultural do cajueiro e relatou que cerca de 40 colaboradores atuam diariamente em sua conservação. Samuel também enfatizou ações de aproximação com a comunidade e escolas locais para ampliar a conscientização ambiental.
Poda do Cajueiro gera polêmica
Durante as audiências, especialistas e moradores questionaram a decisão judicial que determinou a poda da árvore sem consulta prévia às comunidades tradicionais da região, como prevê a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). O pescador e líder comunitário Erivan Bezerra de Medeiros alertou que cerca de 120 famílias de pescadores, extrativistas e artesãos dependem economicamente do turismo e da preservação do cajueiro.
Já o vereador Éder Queiroz (União), presidente da Comissão Permanente de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente da Câmara de Parnamirim, defendeu alternativas que preservem a saúde da árvore e o turismo local. Ele ressaltou que a prioridade deve ser buscar soluções de engenharia ambiental.
“Nós queremos soluções de engenharia para que esse problema seja resolvido. Porque não é só o cajueiro, é o impacto financeiro, é o impacto na economia, na economia visual”. Ele frisou ainda que o serviço pode reduzir a área do cajueiro dos atuais 9.594 metros quadrados para cerca de 8.200, o que colocaria em risco o título de maior cajueiro do mundo. Atualmente, o Cajueiro Rei, no Piauí, possui cerca de 8.800 metros quadrados.
Fonte: Agora RN
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