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Festival que nasceu sob a lona de um circo em 1998 se tornou vitrine nacional de talentos e símbolo da identidade potiguar

O Festival MADA – Música Alimento da Alma – vai conquistar um lugar definitivo na história potiguar. Em breve, o festival deverá ser reconhecido oficialmente como patrimônio cultural imaterial do Rio Grande do Norte. A homenagem está prevista em um projeto de lei apresentado pela deputada estadual Divaneide Basílio (PT) e já aprovado na Assembleia Legislativa. Agora, espera só sanção da governadora Fátima Bezerra.
Com edições históricas na Ribeira e, desde 2015, na Arena das Dunas, o MADA já recebeu mais de 700 artistas, de estreantes a ídolos consolidados. No ano passado, reuniu 34 mil pessoas. “O MADA nasceu no aniversário de 400 anos de Natal e, desde então, tornou-se parte da nossa identidade, um espaço de celebração da cultura potiguar. Ao longo desses anos, o festival abriu palco para novos talentos, conectou gerações e ajudou a construir uma cena cultural pulsante”, pontuou Divaneide, ao justificar a homenagem.
Para a deputada, reconhecer o MADA como patrimônio imaterial é afirmar que esta história precisa ser preservada. “O reconhecimento como patrimônio abre portas. Ele garante mais força para o MADA acessar políticas públicas, editais e fundos de cultura. Insere o festival no calendário oficial, amplia a visibilidade e assegura que ele seja preservado como parte da nossa memória coletiva. Na prática, significa mais oportunidades”.
Ao AGORA RN, Jomardo Jomas, idealizador do festival, contou que a conquista é a realização de um sonho que começou há quase três décadas. “O MADA é uma realização pessoal e coletiva. É como ver um sonho iniciado lá atrás, em 1998, ser reconhecido oficialmente como parte da memória e da identidade do RN. Esse título mostra que o MADA não é apenas um festival de música, mas um patrimônio que pertence ao povo potiguar e que ajuda a contar a nossa história sob diferentes óticas, principalmente, a cultural”, celebrou.
O MADA sempre foi uma plataforma de descobertas: o evento atrai um público diverso, que sai levando na playlist novas bandas e estilos. Desde o início, o festival se propôs a ser um palco de afirmação da música contemporânea criativa, revelando talentos que depois conquistariam o Brasil. Um exemplo emblemático vem de 2002, quando a Megazine, publicação da época, destacou que a banda Detonautas ganhou projeção nacional após a boa repercussão de sua apresentação no MADA.
Outrora
Em 1998, quando o MADA nasceu, os tempos eram outros. Descobrir uma nova banda dependia, muitas vezes, de garimpo em lojas de CD ou indicação de amigos. O mercado fonográfico vivia a virada do milênio sob a ameaça da pirataria, e a cena alternativa precisava lutar em dobro para encontrar espaço. Foi nesse contexto que o festival fincou bandeira: apresentar e impulsionar artistas. Na estreia, 17 bandas fizeram show – quatro delas de fora do Rio Grande do Norte – num formato ousado, com palcos montados embaixo de uma lona de circo.
“Também guardo com carinho os momentos em que artistas como Pitty, Detonautas, Liniker, Karol Conká, BaianaSystem, Luísa e os Alquimistas e Baco Exu do Blues subiram ao palco do MADA no início de suas carreiras. E, claro, as edições ainda no largo da Rua Chile com um público recorde e depois conseguirmos lotar o estádio, provando que Natal tem público, força criativa e energia para estar no circuito dos grandes festivais do Brasil. Cada uma dessas etapas foi fundamental para chegarmos a essa conquista histórica”, acrescentou Jomardo.
Ele apostou na fórmula de colocar lado a lado ídolos consagrados e novatos cheios de fôlego, o que fortaleceu o MADA como vitrine. Foi casa de potiguares como Pedro Mendes, General Junkie e Alphorria. A cada edição, a lógica se repete: o público chega para ver quem já ama e sai levando na bagagem novas descobertas, ampliando o repertório e provando que música boa não tem rótulo nem fronteira. Ao longo de seus 27 anos, o festival resistiu a crises econômicas, mudanças políticas e à distância do eixo Rio-São Paulo.
“Estar fora do eixo sempre exigiu – e ainda exige – muito mais esforço para captar recursos e se manter competitivo. A persistência e a paixão pela música foram os combustíveis para manter o festival vivo e relevante”, lembrou Jomardo. Ele aponta ainda que o MADA atrai milhares de visitantes de fora, movimenta a economia local e gera renda e oportunidades.
Agora, com o novo título, Jomardo vislumbra mais futuro: “Esse reconhecimento traz ainda mais legitimidade e abre portas para novas parcerias. Não é só sobre cultura, mas também sobre desenvolvimento econômico sustentável para o RN”. Este ano, o festival acontece nos dias 17 a 18 de outubro e contará com a participação de artistas como Liniker, Marina Sena, Boogarins, Don L, Rachel Reis e Melly, entre outros.
Fonte: Agora RN
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