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Medida surge como opção, mas esbarra em questões técnicas e orçamentárias; atum é produto nobre no exterior

O secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte, Guilherme Saldanha, afirmou nesta segunda-feira 11 que parte da produção de pescado de empresas potiguares poderá ser destinada à merenda escolar na rede pública. Ele, no entanto, pondera que há desafios técnicos e orçamentários para que isso se concretize. Saldanha destaca que o atum potiguar é considerado um produto nobre, de alto valor, e que isso pode dificultar a absorção do produto nas escolas, devido à baixa disponibilidade financeira.
A possibilidade de usar o pescado potiguar na merenda escolar surge após o governo dos Estados Unidos taxar a compra de produtos brasileiros em 50%. Com a tarifa, produtos locais perderam competitividade no mercado americano. Um dos principais setores afetados é o da pesca do atum.
“A diferença de preço é gigante, porque são peixes nobres, consumidos na mesa do sushi e do sashimi. A gente precisa conversar muito, ver os impactos disso. Quem faz a dieta da merenda escolar do Governo do Estado é uma nutricionista. Ela precisa saber se dá certo botar, se não dá para botar, o que pode botar e a que preço colocar isso também”, afirmou Saldanha, em entrevista à rádio Mix.
Entre janeiro e junho de 2025, o Rio Grande do Norte exportou mais de US$ 11,5 milhões em peixes frescos ou refrigerados para os Estados Unidos, de acordo com dados do Observatório da Indústria Mais RN. O setor pesqueiro está entre os cinco principais segmentos exportadores do Estado, ao lado de óleos de petróleo (US$ 24, 3 milhões) e produtos de origem animal (US$ 10,3 milhões), que ocupam a primeira e terceira colocação, respectivamente.
O secretário lembra que 80% do atum pescado no RN tem como destino o mercado americano.
Segundo Saldanha, o Ceará já negocia a inclusão de parte do pescado na merenda escolar e o ideal seria adotar medida semelhante no RN. No entanto, ele lembrou que o valor destinado à merenda é limitado, o que não seria suficiente para disponibilizar atum em abundância para as escolas. “O valor destinado à merenda escolar é muito baixo, algo em torno de R$ 5 ou R$ 7 por aluno, por dia. Então, é um impacto”, disse.
Para reduzir a dependência do mercado dos Estados Unidos, Saldanha defendeu a reabertura da União Europeia para o atum, fechada desde 2018 devido a problemas com uma embarcação de Santa Catarina. “A relação do presidente Lula com os presidentes da União Europeia é excelente. Está na hora de o Brasil se pontuar na necessidade de abrir esse mercado”, afirmou.
Ele também citou o interesse de ampliar vendas para a China, tanto de atum quanto de camarão, e disse que um erro de classificação do produto no mercado chinês está sendo tratado pelo governo estadual junto à embaixada chinesa em Brasília.
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