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O excesso de oferta pressiona preços e amplia perdas. Congelar o pescado não resolve, já que o valor de venda não cobre os custos de produção
Exportações em queda, frota parada e incerteza sobre 2026. Esse é o cenário enfrentado pela indústria pesqueira do Rio Grande do Norte após a imposição de tarifas pelos Estados Unidos, principal destino do pescado potiguar.
O impacto atinge diretamente as empresas ligadas ao Sindicato da Indústria da Pesca do Rio Grande do Norte (Sindipesca) e já provoca redução de operações, férias coletivas e paralisação de embarcações.
Depois de um primeiro semestre positivo em 2025, com produção elevada e mercado aquecido, o setor entrou no segundo semestre em ritmo de contenção.
As tarifas começaram a valer em julho e, apesar da expectativa inicial de reversão rápida, a medida segue em vigor, comprometendo o escoamento da produção justamente no período mais forte da safra, entre outubro e abril.
Segundo o presidente do Sindipesca, Arimar França, o mercado interno não tem capacidade para absorver o volume produzido, o que amplia prejuízos e pressiona ainda mais as empresas.
Atualmente, 12 empresas exportadoras integram o Sindipesca, dentro de um total de 17 associadas, que incluem também indústrias de processamento. Juntas, elas geram mais de 5 mil empregos diretos e, em um ano regular, movimentam cerca de 50 milhões de dólares em exportações. Para 2025, a estimativa é de queda de aproximadamente 50% nesse valor.
O principal produto é o atum fresco de padrão nobre, destinado majoritariamente ao mercado americano, especialmente à culinária japonesa. Também têm relevância o meca, conhecido como peixe-espada, e outros pescados oceânicos. Fora do circuito de sushi e sashimi, esses produtos perdem valor de forma drástica, o que inviabiliza economicamente a operação.
A situação se agrava com a ausência de alternativas consolidadas. Desde 2018, o Brasil está impedido de exportar pescado para a União Europeia por questões sanitárias, o que elimina o segundo principal mercado internacional do setor.
Parte do pescado congelado e da lagosta continua sendo destinada à Ásia, sem impacto direto do tarifaço. No entanto, a logística do peixe fresco, que exige entrega em até 48 horas, limita a expansão nesse mercado, além da forte concorrência de produtores locais.
Na América Latina e na América Central, os países concorrentes avançam sobre o espaço deixado pelo Brasil nos Estados Unidos. Já no mercado interno, São Paulo concentra o maior consumo de atum fresco, com cerca de 300 toneladas por mês, volume insuficiente diante da produção do Rio Grande do Norte e de outras bases do Nordeste.
O excesso de oferta pressiona preços e amplia perdas. Congelar o pescado não resolve, já que o valor de venda não cobre os custos de produção.
BNews Natal
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