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Governo lançou um programa de recuperação de barragens, com obras em 28 reservatórios, e prepara outras ações

Com os reservatórios em níveis críticos e sem recarga significativa durante a quadra chuvosa de 2025, o Governo do Rio Grande do Norte está antecipando medidas para enfrentar um possível cenário de colapso hídrico no próximo ano. O secretário estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Paulo Varella, afirmou que o Estado já opera com um plano emergencial voltado para garantir o abastecimento até o fim de 2026, mesmo que o cenário climático se agrave.
Segundo Varella, a atual estiagem deixou quase todos os açudes do Estado em situação pior do que a registrada em 2024, com exceção apenas dos reservatórios Riacho da Cruz e Dinamarca (Serra Negra do Norte). “Estamos com cerca de 50% das reservas, na média. Mas no Seridó, por exemplo, esse número despenca para apenas 17%”, alertou.
Segundo o secretário, a governadora Fátima Bezerra (PT) convocou os órgãos do sistema hídrico e agrícola para montar uma resposta integrada. Participam do comitê, além das secretarias de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Agricultura (Sape) e Desenvolvimento Rural e da Agricultura Familiar (Sedraf), o Igarn (Instituto de Gestão das Águas), a Caern (Companhia de Águas e Esgotos), a Emparn (Empresa de Pesquisa Agropecuária).
Entre as ações já em curso, o governo lançou um programa de recuperação de barragens, com obras em 28 reservatórios. Todas as intervenções estão sendo financiadas com recursos próprios do Estado. “Estamos deixando essas barragens prontas do ponto de vista da segurança e da operação. Isso garante que cada gota que temos hoje seja utilizada da melhor forma”, explicou o secretário.
Além disso, um novo programa de perfuração de poços está em execução. Até abril de 2026, serão abertos 500 poços, também com recursos do governo estadual. A meta é ampliar as alternativas de abastecimento principalmente nas regiões mais afetadas pela irregularidade das chuvas.
Paralelamente às ações emergenciais, o governo está antecipando investimentos estruturantes, como a aceleração das obras do Projeto Seridó. O cronograma foi encurtado para que a adutora esteja em operação até dezembro de 2025 ou janeiro de 2026. “Se conseguirmos concluir a obra a tempo, teremos garantia de abastecimento para cidades como Caicó, Currais Novos, Florânia, Cruzeta, São Vicente e outras, mesmo sem chuva no próximo ano”, afirmou.
Outra frente é a chegada definitiva da água da transposição do Rio São Francisco. De acordo com Paulo Varella, a água começa a entrar no Estado ainda em agosto deste ano pelo rio Piranhas. Já em 2026, o abastecimento se expandirá para o Alto Oeste por meio do túnel de Major Sales, levando água até Pau dos Ferros e Santa Cruz. “Essa é a primeira vez que vamos operar com regularidade a água da transposição no RN. Mas, para funcionar, é preciso ter as adutoras e as estruturas prontas”, ressaltou.
A preocupação com os pequenos produtores também está no radar. A Emparn deverá aumentar sua produção de feno, atingindo 10 mil fardos por mês. A Sape, por sua vez, trabalha para ampliar a distribuição de milho da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) de 20 mil para 45 mil toneladas. O governo também negocia com instituições financeiras e cooperativas a prorrogação de prazos de crédito para produtores afetados.
“Temos que rezar pelo melhor e nos preparar para o pior”, diz secretário
Paulo Varella afirma que o Governo do Rio Grande do Norte está agindo em várias frentes para evitar um colapso hídrico em 2026. “Temos que rezar pelo melhor e nos preparar para o pior”, resumiu.
A estratégia do governo, segundo ele, inclui três linhas de atuação: utilizar melhor a água já armazenada, buscar novas fontes por meio da perfuração de poços, e antecipar obras de adutoras para distribuir a água da transposição do Rio São Francisco.
A água da transposição chegará ao Rio Grande do Norte de forma definitiva a partir de agosto, pelo leito do rio Piranhas, e deve atingir a região do Alto Oeste em 2026, por meio do túnel de Major Sales. “É a primeira vez que o RN vai operar com regularidade a água da transposição. Mas é preciso estar com as adutoras prontas para distribuir”, afirmou. Ele também confirmou que o Projeto Seridó deve ser concluído entre dezembro deste ano e janeiro do próximo, antecipando a meta inicial de junho de 2026.
Ao ser questionado sobre a segurança da Barragem de Oiticica, o secretário garantiu que o reservatório já está em operação e beneficiando diretamente produtores entre Jucurutu e a Armando Ribeiro Gonçalves. Segundo ele, Oiticica já armazena mais água do que todos os outros açudes do Seridó somados. “Já tem 103 milhões de metros cúbicos prontos para uso. O entorno já está sendo utilizado por agricultores e produtores de queijo e leite. É uma obra que mudou a lógica hídrica do Seridó”, destacou.
Varella concluiu reafirmando a lógica que orienta o plano de ação do governo: prever, mitigar e agir. “Se a seca vier, o Estado precisa estar preparado. O nosso dever é garantir abastecimento, proteger o agricultor e evitar que as famílias sejam empurradas ao desespero pela falta d’água”.
Fonte: Agora RN
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